segunda-feira, 7 de outubro de 2013

José Manuel Delgado compara Jorge Jesus a Carlo Ancelotti


Fim de semana quase a papel químico de Benfica e Real Madrid. Ambos os emblemas necessitavam de vencer fora de portas para continuarem vivos na luta pelo título; nenhum dos dois atravessa um bom momento de forma e os sinais de desagrado dos adeptos têm-se multiplicado; um e outro sorriram, aliviados, quando os árbitros apitaram para o final dos respetivos encontros; e, last but not least, viveram com o coração nas mãos os derradeiros instantes dos jogos que disputaram em casa do Estoril e do Levante, respetivamente.

Para além do que sucedeu nesta jornada (sétima em Portugal e oitava em Espanha), há outras semelhanças que juntam os dois colossos ibéricos. 

Apesar dos vastos recursos (à escala, é claro) que têm disponibilizado para a construção dos plantéis, tem-lhes faltado sempre alguma coisa, na Luz as laterais têm sido problema recorrente, no Santiago Bernabéu usa-se um lateral direito adaptado; em Lisboa há um dez que não entra no esquema do treinador e falta mais um matador, em Madrid contratam três-quartos (Isco, Bale) e vivem à míngua de pontas de lança.

E há, ainda, a magna questão dos treinadores. Embora sejam distintos, até na abordagem que fazem ao jogo - Jesus é extrovertido e gosta de atacar, Ancelotti é mais discreto e taticamente conservador - ambos precisavam das vitórias do fim de semana como de pão para a boca. 

Mas se os suados triunfos obtidos no António Coimbra da Mota e no Estádio de Valência, funcionam como balão de oxigénio que permite acompanhar o ritmo dos da frente, já a necessidade de uma aumento da qualidade futebolistica parece evidente. E, no futebol, se não forem introduzidos fatores externos, normalmente ganha quem joga melhor. Aquilo que se vê, no que concerne a estes históricos do futebol europeu, é muita intranquilidade e escassa dinâmica e assente sobre esses pressupostos nenhuma viagem chegará a bom porto.

Jorge Jesus e Carlo Ancelotti têm agora duas semanas de pausa que devem aproveitar para refrescar ideias, na certeza de que aquilo que procuraram colocar em prática nas jornadas iniciais funcionou deficientemente. 

Português e italiano, se não aprofundarem a autocrítica e buscarem explicações para além do óbvio, terão poucas hipóteses de conseguir a melhoria competitiva suficiente e necessária para catapultá-los para onde é suposto estarem.

A palavra chave, nesta altura, é humildade, aceitando a insuficiência do que foi feito até agora como ponto de partida para ambições renovadas.
Somando todas as circunstâncias, esta pausa para as seleções acaba por ser verdadeiramente providencial. A ver vamos (o Benfica recebe o Nacional e o Real Madrid o Málaga), o que conseguem Jorge Jesus e Carlo Ancelotti.

-José Manuel Delgado, jornal A Bola, 7 de Outubro 2013

1 comentário:

  1. A diferença é Ancelotti chegou ao Real e devia estar em estado de graça, enquanto Jesus iniciou a 5ª época na Luz e não é fácil impô-lo ao universo benfiquista sem resultados....

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