sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Jesus: E mudar de paróquia, não?


Um. Dois. Três. A zero. Foi duro, ontem à noite. O Benfica está mal. Leva o primeiro e encolhe-se. Entra o segundo e esconde-se. Sofre o terceiro e desaparece. 

Ver hoje a equipa não é muito diferente de observar o Sporting da última época. A bola queima nos pés dos jogadores. E o treinador ferve na pior das fogueiras: a que é ateada nas bancadas do Estádio da Luz pelos adeptos em fúria. Depois do que se passou ontem já ninguém se lembra do recente gesto heróico do treinador para, como explicou um dia Luiz Felipe Scolari na sequência de um directo na cara de um colega, “defender o adepto”.

Jorge Jesus já foi um pouco de tudo no Benfica: um homem sem currículo, um herói incontestado, um resistente esforçado. Desde que, no final da última época, ajoelhou aos pés de Vítor Pereira no Dragão vem fazendo o percurso em direcção ao estatuto de pária residente, uma espécie de inquilino indesejado que o clube suporta porque é demasiado caro mandá-lo embora.

Recordo: um. Dois. Três. A zero. Verdade: foi contra o Paris Saint Germain, uma das equipas mais caras do mundo. Mas foi muito mau. Faltou em coragem e brio o que sobrou em ligeireza e contenção. Falta músculo mental a este Benfica. Estofo de vencedor. Um estudo feito no final do ano passado pela Universidade da Califórnia concluiu que a diferença entre os grandes atletas e aqueles que marcam uma geração não é física, nem sequer técnica – é mental. Os segundos acreditam mais do que os primeiros que podem superar-se todos os dias.

O treinador do Benfica é o primeiro a admitir que tem o melhor plantel dos últimos anos. A qualidade está lá. Falta-lhe, ironia das ironias, a crença. E se ele, que se chama Jesus, se tem revelado incapaz de espalhar a fé, talvez tenha chegado a hora de pensar numa de duas coisas: ou muda de estratégia ou muda de paróquia.

-Fernando Esteves, jornal Record

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