quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Erros e mais erros: Renovação de Jesus, caso Cardozo e politica de contratações


Estar já nesta altura a questionar a continuidade do treinador do Benfica só não é sinónimo de ensandecimento porque o processo de renovação de Jorge Jesus foi mal conduzido e levou, juntamente com os resultados do final da temporada passada, a uma erosão que não parecia possível. Ainda assim, basta pensar um pouco para entender que os problemas não se centram apenas na manutenção do técnico e que há muito que tem de mudar se os encarnados querem um dia vir a ter uma estrutura que rivalize com a do FC Porto.

Vieira não podia ter renovado com Jesus após a mais trágica de todas as épocas. Não que o treinador não o merecesse, mas porque devia tê-lo feito antes, quando à decisão ficavam amarrados também os companheiros de direção e os adeptos, que na vertigem de vencerem tudo dariam também eles o sim de bom grado. Foi o primeiro grande erro. Os custos são altos e estão à vista.

Depois o caso Cardozo. Dinamitou a imagem de Jesus, a do clube e do próprio jogador. Não foi bom para ninguém, a não ser para o emblema que eventualmente ainda o consiga resgatar por meia dúzia de patacos antes de o mercado fechar. Aconteça o que acontecer, todos saem mais fracos. Era obrigatório tê-lo multado no dia seguinte aos incidentes do Jamor e sentá-lo na sala de imprensa a pedir desculpa a treinador, clube e adeptos pelo comportamento indecoroso. Depois, amigos como dantes, que no futebol são precisos os melhores e os melhores são muitas vezes os que marcam golos.

O mercado é outro paradigma de que há muito a melhorar. O Benfica voltou a gastar cerca de 30 milhões de euros em reforços e mesmo assim na primeira jornada, por equívocos de Jesus ou falta de equilíbrio na constituição do plantel, houve muitas opções que ficaram por entender. E se o Benfica tarda em encontrar alguém para dar luta a Artur – parece estar agora prestes a chegar Júlio César, escolha que tem muito que se lhe diga –, pior ainda, volta a fazer contratações incompreensíveis. Há negócios que têm de ter outras intenções que não as do simples reforço da equipa. Só assim poderemos tentar perceber negócios como Pizzi ou Fariña, que justificavam explicações aos adeptos, que não entendem a aposta em jovens logo recambiados para o mercado de onde vieram, ou pior, para o Dubai (?).

De momento o Benfica precisa de ganhar ao Gil Vicente e serenar. E Jesus rezar para que a SAD não lhe venda de repente Matic, Salvio ou Garay. Uma equipa não se constrói assim. Aprenda-se com os erros do passado.


-Bernardo Ribeiro, jornal Record

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