quinta-feira, 30 de maio de 2013

Pedro Santos Guerreiro: Gaspar e Jesus



Não é propriamente novidade que Vítor Gaspar é adepto benfiquista, mas a confissão bem-humorada de ontem deu-lhe esse protagonismo. Usemo-lo para perguntar o que faria Gaspar a Jorge Jesus se fosse presidente do Benfica. A resposta é óbvia, não é?

A verdadeira confissão de ontem do ministro das Finanças não é do seu benfiquismo, é do sofrimento de um benfiquista. Ninguém gosta de confessar o seu desespero desportivo: é dar parte fraca e encher de gáudio os adeptos dos clubes rivais. Mas os benfiquistas não têm este ano como fazer de conta que não estão com a cara no chão. Quem tudo quis, tudo perdeu.

Quem tudo quis foi Jorge Jesus. O treinador pode, aliás, agradecer a paciência dos adeptos, que só à terceira o vaiaram. Mas as coisas são o que são e foram o que foram: um desastre ao cair do pano. Jesus trouxe muito dinheiro ao Benfica, pelas enchentes de estádios. Mas o seu desempenho não vale, nem de perto nem de longe, um salário anual de 4 milhões de euros. É no futebol que se pagam os salários mais altos de Portugal, começando pelos jogadores. Mas Jesus ganha mais do que qualquer presidente de empresa portuguesa. Ganha mais do que, juntos, ganham Zeinal Bava e António Mexia. Ganha num ano o que demoraria quase 40 anos a Vítor Gaspar ganhar.

Vítor Gaspar não deve achar muito mal o salário de Jesus, pois metade dos 4 milhões vai para as Finanças, como impostos. Mas se fosse presidente do Benfica, Gaspar compararia investimento com retorno e veria que tinha feito mau negócio. E Jesus ia para o olho da rua.

Ou para o olho do Dragão. É isso que pode segurar Jorge Jesus: o medo benfiquista de que ele rume ao Porto – e seja campeão no próximo ano! Nem Vítor Gaspar aguentaria uma dessas. Algures, Pinto da Costa deve estar a rir às gargalhadas.


-Pedro Santos Guerreiro, jornal Record

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