quinta-feira, 16 de maio de 2013

Alexandre Pais: Dois casos de bruxaria


Não vale a pena chorar sobre o leite derramado: o Benfica perdeu no Dragão porque jogou pouco e teve falta de sorte, e fica sem a Liga Europa, apesar de ter jogado muito e bem, por nada mais do que azar. Dois golos letais sofridos aos 90 minutos + 2 e aos 90 + 3, em dois embates consecutivos, são casos de bruxaria.

Certo é que seria particularmente difícil ao Benfica recuperar do tremendo desgaste físico e psicológico sofrido na partida do Dragão, que começou com os encarnados fortes candidatos ao “tri” – Campeonato, Taça e Liga Europa – e terminou com uma equipa que continuava candidata a tudo, é certo, mas já diminuída no seu “espírito positivo”, após o remate intuitivo e mortal de Kelvin.

Na realidade, este período negro, que pode fazer terminar uma época brilhante apenas com a Taça de Portugal nas vitrinas da Luz – se o V. Guimarães não o conseguir evitar, claro – já se iniciara com o empate caseiro frente ao Estoril, que impediu Jesus de gerir o plantel no Dragão, poupando jogadores nucleares para o confronto de Amesterdão.

O “filet mignon” todo utilizado em cinco dias, contra adversários poderosos e no final de época longa e arrasante, só poderia ter os efeitos que se esperavam, ou seja, uma equipa sem frescura física para desenvolver aquele que é talvez o seu ponto mais forte: o caudal atacante que “sufoca” o adversário e que raramente não chega aos golos.

Pois a verdade é que Jorge Jesus fez um notável trabalho de recuperação psicológica dos jogadores, a tal ponto que no Arena a equipa proporcionou-nos uma noite de motivação, espírito competitivo, talento e abnegação. Mais: deu um “banho de bola” ao Chelsea em diversos períodos e dominou de forma geral os acontecimentos.

Agora, há situações para as quais treinadores ou jogadores alguns estão preparados, situações já vistas e sempre diferentes, e que fazem parte do inesperado e do futebol. Mas confesso que temi o pior para o Benfica quando um central entrou para trinco, já perto do fim, no Dragão. E foi por aí. E senti o mesmo ontem, ao ver outro central a ser chamado. E voltou a ser por aí: ambos falharam no ataque à bola. Pensei nisso por acaso, juro – o bruxo desta história anda por aí e é outro.

Minuto 0, publicado na edição impressa de Record de 16 maio 2013

1 comentário:

  1. Chorar? Não, estar orgulhoso? Sim... Como adepto de um clube rival, tenho orgulho do desportivismo reinar em mim. Estou aqui para deixar os meus parabéns pela magnifica temporada que o benfica realizou, ainda que nem tudo está perdido. Pode ser uma grande desilusão no final sem uma única taça, mas só pelos momentos que esta equipa nos proporcionou foi uma época fantástica. Ganhou o nosso futebol em que o campeonato só será decidido no minuto 92.

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